domingo, 29 de julho de 2012

Catástrofes: Conceitos e Classificações

 

No panorama brasileiro, a violência e os acidentes de trânsito instituem-se como um dos principais problemas de saúde pública no país desde o final da década de setenta. Integrando essa problemática, encontram-se os Acidentes com Múltiplas Vítimas (AMV), que são aqueles que produzem mais de cinco vítimas graves, apresentando desequilíbrio entre os recursos disponíveis e a demanda.

Definições:

- Catástrofe: segundo a OMS é um fenômeno ecológico súbito de magnitude suficiente para necessitar de ajuda externa.

- Desastre: segundo a OMS é um fenômeno de causas tecnológicas de magnitude suficiente para necessitar de ajuda externa.

Falando em questão de atendimento em saúde, desastre ou catástrofe é aquela situação em que as necessidades de cuidados excedem os recursos imediatamente disponíveis, havendo a necessidade de haver medidas extraordinárias e coordenadas para se manter a qualidade básica ou mínima de atendimento.

DESASTRES

- Acidentes com Múltiplas Vítimas: são aqueles evento súbitos, que produzem um número de vítimas que levam a um desequilíbrio entre os recursos médicos disponíveis e as necessidades, onde consegue se manter um padrão de atendimento adequado com os recursos locais. Ou como evento complexo que requer comando e controle agressivo e coerente, de maneira a fornecer cuidados às vítimas sob condições.

Classificações:

Os desastres são classificados quanto à evolução, intensidade e tipologia.

1- Classificação dos Desastres quanto à Evolução:

A) Desastres Súbitos ou de Evolução Aguda:

Quando resultam da liberação brusca de grande quantidade de energia sobre sistemas vulneráveis. Relacionam-se com eventos ou acidentes de grande magnitude e de ocorrência súbita. Vendavais, enxurradas, deslizamentos de encostas, nevascas, terremotos, erupções vulcânicas, acidentes ferroviários e aeronáuticos, incêndios e explosões em edifícios densamente ocupados são exemplos de desastres súbitos.

B) Desastres Graduais ou de Evolução Crônica:

Quando seus efeitos são sustentados e tendem a se agravar e acentuar de forma gradual. Secas, estiagens, enchentes cíclicas de grandes bacias hidrográficas, erosão e perda de solo agricultável, guerras de desgaste, fome e desnutrição são exemplos de desastres graduais.

C) Desastres por Somação de Efeitos Parciais:

Quando o grande desastre se define pela somação dos efeitos de pequenos desastres ou acidentes, que ocorrem diuturnamente pelas mesmas causas e com características semelhantes.
Acidentes de trânsito, desastres rodoviários, acidentes no transporte de cargas perigosas, hiperendemia de traumas provocada pela violência, hiperendemias de malária e de cólera e a pandemia da SIDA são exemplos de graves desastres por somação de efeitos parciais, que causam imensos prejuízos sociais e econômicos.

2 - Classificação dos Desastres quanto à Intensidade:

A intensidade dos desastres pode ser definida em termos absolutos ou relativos. A partir da proporção entre necessidade de recursos e possibilidade dos meios disponíveis no local. Para garantir uma resposta cabal ao problema. Desta forma, quanto à intensidade, os desastres são classificados em:

A) Acidentes ou Desastres de Pequeno Porte:

Quando os danos e prejuízos são pouco importantes.

B) Desastres de Médio Porte:

Quando, embora os danos e prejuízos sejam importantes, podem ser cabalmente solucionados e atendidos com os recursos locais.

C) Desastres de Grande Porte:

Quando, para sua cabal solução e atendimento, há necessidade de reforçar os recursos locais com meios estaduais e, até mesmo federais.

D) Desastres de Muito Grande Porte:

Quando, para sua cabal solução e atendimento, exigem a intervenção coordenada dos níveis municipal, estadual e federal do Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC) e, algumas vezes, de ajuda internacional. Por ocasião dos desastres de grande porte, pode ser decretada a situação de emergência e, dos desastres de muito grande porte, o estado de calamidade pública.

3 - Classificação dos Desastres quanto à Tipologia:

A) Desastres naturais:

Quando provocados por fenômenos e desequilíbrios da natureza. Nesses casos, são provocados por fatores de origem externa, que atuam independentemente das ações humanas.

ENCHENTES

B) Desastres Humanos ou Antropogênicos:

Quando provocados pelas ações e/ou omissões humanas, enquanto desencadeadoras:
• de desequilíbrios ambientais;
• de desajustes econômicos, sociais e políticos;
• da redução dos padrões da segurança coletiva.

C) Desastres Mistos:

Quando atividades humanas contribuem para intensificar, agravar, modificar ou complicar fenômenos naturais, geradores de desastres. Também quando desastres naturais contribuem para o agravamento de situações ambientais, inicialmente deterioradas pelo homem. Há uma tendência moderna para considerar a maioria dos desastres como mistos.

Acidentes com Múltiplas Vítimas – AMV:

O atendimento a acidentes com múltiplas vítimas é um desafio no qual os serviços de atendimentos pré-hospitalares e os hospitais se deparam com frequência. Diariamente temos em nosso país acidentes dos mais variados tipos com número de vítimas superiores a cinco.

- AMV nível 1 – de 5 a 10 vítimas: situação de emergência controlada com recursos locais (grupamentos de bombeiros, ambulâncias locais e destacamento policial local).
- AMV nível 2 – de 11 a 20 vítimas: situação de emergência que supera a capacidade local de gerenciamento, necessitando apoio de outros grupamentos regionais.
- AMV nível 3 – acima de 21 vítimas: condição que extrapola a capacidade de gerenciamento regional, necessitando de recursos externos e uma estrutura de Gerenciamento de Desastres com procedimento START.

REFERÊNCIAS:

- Lifespan Treinamentos. Gerenciamento de desastres – Sistema Start. Disponível em: http://www.lifespan.com.br/cariboost_files/sistema_start_noo-04.pdf.

- Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Plano de atendimento a desastres – Hospital das Clínicas. São Paulo: 2011. Disponível em: www.hcnet.usp.br/publicacoes/Plano de Atendimento a Desastres versao internet publica .pdf.

- Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. Manual de Medicina de Desastres. volume 1. 3ª ed..  Brasília: MI, 2007.

- SALVADOR, Pétala Tuani Candido de Oliveira; DANTAS, Rodrigo Assis Neves; DANTAS, Daniele Vieira  and  TORRES, Gilson de Vasconcelos. A formação acadêmica de enfermagem e os incidentes com múltiplas vítimas: revisão integrativa. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2012, vol.46, n.3, pp. 742-751. ISSN 0080-6234.  http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000300029.

- SIATE. CBPR. Manual de Atendimento Pré-hospitalar do Corpo de Bombeiros do Paraná. Curitiba: 2006.

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