Existe inúmeros métodos de realizar a triagem das vítimas no local do acidente. No Brasil o método que tem sido mais divulgado e utilizado é o “START” (Simple Triage And Rapid Treatment), utilizando cores para designar a gravidade.
Esse modelo de atendimento teve início na França, durante o século XIX, sob o reinado de Napoleão Bonaparte. Nessa época os exércitos começaram a preocupar-se com seus feridos, até então eram abandonados na frente de combate. Napoleão observou que se ele recuperasse o maior numero possível de feridos, podia coloca-lós de volta ao combate se o ferimento fosse leve ou médio.
Mandou então que seus generais organizassem um efetivo especialmente treinado em tratamento de feridos e ainda organizou uma maneira de selecionar os feridos por classificação de leve, médio e grave, transporta-lós para a retaguarda, tratar o ferimento leve e médio e leva-lós de volta ao “Front”. Desde então os métodos começaram a serem aperfeiçoados, pois outros países viram nessa ideia que muitas forças armadas poderiam ser recuperadas em pouco tempo.
Técnica START:
A tática de triagem adotada obedece a técnica denominado START (Simple Triage And Rapid Treatment) Triagem Simples e Tratamento Rápido por ser um método simples, que se baseia na avaliação da respiração, circulação e nível de consciência, dividindo as vítimas em quatro prioridades e utiliza cartões coloridos para definir cada uma das prioridades. A Prioridade de Atendimento às Vítimas obedece a seguinte ordem:
- Respiração: Avaliar a frequência respiratória e a qualidade da respiração das vítimas. Se a vítima não respira, checar presença de corpos estranhos causando obstrução da via aérea. Remova dentadura e dentes soltos. Alinhe a cabeça cuidando da coluna cervical. Se após esse procedimento não iniciar esforços respiratórios, cartão PRETO. Se iniciar respiração, cartão VERMELHO. Se a vítima respira numa frequência maior do que 30 movimentos respiratórios por minuto, cartão VERMELHO. Vítimas com menos de 30 movimentos respiratórios por minuto não são classificadas nesse momento, deve-se avaliar a perfusão.
- Perfusão: O enchimento capilar é o melhor método para se avaliar a perfusão. Pressione o leito ungueal ou os lábios e solte. A cor deve retornar dentro de 2 segundos. Se demorar mais de 2 segundos, é um sinal de perfusão inadequada, cartão VERMELHO. Se a cor retornar dentro de 2 segundos a vítima não é classificada até que se avalie o nível de consciência.
- Nível de Consciência: É utilizado para as vítimas que estejam com a respiração e perfusão adequadas. O socorrista solicita comandos simples do tipo “Feche os olhos”; “Aperte minha mão”; “Ponha a língua para fora”. Se a vítima não obedece a esses comandos, cartão VERMELHO. Se a vítima obedece a esses comandos, cartão AMARELO. O cartão VERDE é usado para os pacientes que estejam andando, ou que não se enquadre em numa das situações acima.
Detalhamento das Prioridades:
- Cartão Vermelho:
Na área destinada às vítimas com Cartão Vermelho vão todos os pacientes com risco de vida iminente e que terão uma evolução favorável se os cuidados médicos forem iniciados imediatamente. Aqui também irão os pacientes que necessitam de um transporte rápido até o hospital para serem estabilizados no centro cirúrgico. São os pacientes com:
- Choque;
- Amputações.
- Lesões arteriais;
- Hemorragia Severa;
- Lesões por inalação;
- Queimaduras em face;
- Lesão de face e olhos;
- Lesões intra-abdominais;
- Insuficiência Respiratória;
- Pneumotórax Hipertensivo;
- Lesões extensas de partes moles;
- Queimaduras de 2º grau maior que 20% a 40%, ou de 3º grau maior que 10% a 30%;
- Cartão Amarelo:
Na área destinada às vítimas com Cartão Amarelo vão aquelas vítimas que necessitam de algum atendimento médico no local e posterior transporte hospitalar, porém que não possuem risco de vida imediato. São os pacientes com:
- Fraturas;
- TCE leve, moderado;
- Queimaduras menores;
- Traumatismos abdominais e torácicos;
- Ferimentos com sangramento que necessitam suturas.
- Cartão Verde:
Na área destinada às vítimas com Cartão Verde vão as vítimas que apresentam pequenas lesões, geralmente estão sentadas ou andando, sem risco de vida e que podem ser avaliadas ambulatoriamente. São os pacientes que causam mais problemas na cena do acidente, geralmente estão com dor e em estado de choque e tendem a ser pouco cooperativo. Não entendem o fato de estarem agrupados numa certa área recebendo cuidados mínimos. É extremamente importante um apoio psicológico para manter essas vítimas nessas áreas, pois do contrário elas tendem a deixar o local, indo sobrecarregar o hospital mais próximo. São os pacientes com:
- Contusões;
- Hematomas;
- Escoriações;
- Pequenos ferimentos.
- Cartão Preto:
Na área destinada às vítimas com Cartão Preto vão as vítimas em óbito. Naquelas situações em que há um desequilíbrio entre os recursos médicos e o número de vítimas, todos os pacientes com traumatismos severos, com poucas chances de sobrevida, também vão para essa área de prioridade. São os pacientes:
- Em óbito;
- Múltiplos traumas graves;
- Queimaduras extensas de 2º e 3º grau.
REFERÊNCIAS:
- Lifespan Treinamentos. Gerenciamento de desastres – Sistema Start. Disponível em: http://www.lifespan.com.br/cariboost_files/sistema_start_noo-04.pdf.
- Rede de Atenção às Urgências e Emergências. Coordenação Estadual de Urgência e Emergência. Curso de Capacitação SAMU 192 – Macrorregional. Minas Gerais: Secretária Estadual de Saúde.
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